A genialidade de Nelson Sargento. Esse samba melancólico, aparentemente simples, é de uma complexidade melódica e riqueza harmônica enormes. Observem que as rimas são esquemáticas - AABB, CCDD, e a relação sintático-semântica no interior dos versos quase acompanha a rima final. Dos dois primeiros versos – explicativos -, passando pelas definições/ generalizações que se pretendem óbvias nos quatro versos do meio, até os últimos versos – condicionais -, o poeta mostra que a única conclusão, numa relação argumentativa de causa e consequência inegociáveis é aquela: “se eu não te amasse, não sofreria ingratidão”.
Ainda, para um breve comentário sobre a harmonia, um compositor mediano provavelmente teria simplesmente repetido o esquema harmônico na segunda estrofe. Mas não o Sargento. Ele repete, na segunda estrofe, somente a harmonia dos segundo, terceiro e quarto versos da primeira estrofe, deixando para o final um lá sétima com a nona “deslizando” para repousar na quinta da tônica (ré maior), uma espécie grand finale com cromatismo descendente. O esquema harmônico, o que acompanha cada frase melódica (e que coincide com o verso), fica assim: AABC ABCD. A cifra está aí abaixo.
2 comentários:
depois de quase 3 meses de desalento, depois de meu time ter perdido um grenal nos penaltis, depois de ter que encarar um onibus atrolhado de colorados cantando os elogios mais ternos e afetuosos à nós gremistas, depois de ter pisado num belo tolete canino quando entrei no pátio, somente depois de tudo isso é que veio uma notícia boa: o nobre amigo ressuscitou o blog. espero que daqui pra frente não nos deixe sem tuas postagens marotas, hahaha. Abraço!
ah! quanto à canção do sargento: não bastasse a letra ser de uma simplicidade tocante, que harmonia fantástica, man. tem razão quanto à parte em que alega que nas mãos de um compositor menos habilidoso a coisa não ia ficar tão linda assim. só um gigante do naipe do sargento consegue fazer esse tipo de coisa.
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